Gênesis 14: 12-20 – Mateus 23:
23
INTRODUÇÃO
O que apresento
aqui é um resumo de tudo que gostaria de argumentar sobre dízimos. Não posso e
não quero fazer um livro sobre o assunto. Os argumentos não são completos e nem
finais, são apenas parte de um todo sobre a fidelidade nos dízimos e ofertas.
Também não é a última “água do deserto” sobre o assunto. Com certeza, há outros
textos, que se poderiam buscar, talvez até mais completos. Para quem quer ser
fiel e obedecer a Palavra do Eterno, pouca coisa lhe basta. Para quem está
louco por cair fora dos princípios da Palavra, é preciso muita argumentação e,
mesmo assim, é possível que não seja suficiente.
Aqui, quero tratar
sobre alguns argumentos tais como o fato de se acusar os ministros do evangelho
de desfrutar do dízimo sem amparo bíblico. Chamo os que não são fãs do dízimo,
aqui, de “anti-dízimos” ou “anti-dizimistas”.
Algumas acusações são
feitas a ministros pelo fato de enriquecerem com os dízimos das igrejas. É
verdade que temos gente se locupletando dos dízimos das igrejas, mas é no mínimo
uma leviandade colocar milhares de homens de Deus na mesma vala comum dos
errados. Existem centenas de médicos e advogados canalhas. Porém isto não quer
dizer que os de verdade não têm direito de cobrar seus devidos honorários. Não
é porque existem os maus, que agora vamos deixar de honrar os bons e olha que
os bons são aos milhares.
Apresento aqui as
palavras de Jesus que orientam e fecham questão sobre os dízimos. Aliás, Jesus
é o mestre por excelência em qualquer assunto que ele tenha tratado. Por causa
dele e de seus ensinos é que somos chamados cristãos. Os apóstolos podem nos
dar luzes, mas a fonte é Jesus. Então, vamos observar o que compartilho
adiante.
1. POR QUE ODIAR O PRINCÍPIO?
Antes
de entrar na explicação dos textos bíblicos, quero discutir algumas das
argumentações que os “anti-dízimos” usam. Leio as vezes algumas coisas que
escrevem. Observo como eles desconhecem as Escrituras, a realidade ministerial
e como odeiam missões. Também percebo uma ponta de inveja que eles têm do
sucesso ministerial de alguns. Também, quero contraditar a principal
argumentação dos anti-dizimistas de que dízimo é uma exigência da lei, da
Torah.

Antes de mais nada, é preciso entender que a
Lei só veio cerca de 400 anos depois de
Abrão e Jacó. Antes da Lei ser estabelecida, Abrão estava entregando o dízimo a
Melquisedeque (tipologia de Jesus no VT). Aos resistentes ao tema, sobre isto
recomendo uma leitura em Hebreus 7 e depois em Gálatas 3: 15-19. Antes da Lei
vir, Jacó estava fazendo votos de ser dizimista, por que? Se não havia lei que
o “obrigasse” a fazer, de onde surgiu esse desejo? Certamente não foi da Lei,
mas de um desejo do coração, resultante de uma experiência em sua casa e uma
herança de seu avô, Abraão. Enfim, o que levou Abrão a dizimar não foi a Lei.
Pode-se entender tranquilamente, numa leitura em Hebreus 11, que foi a fé.
Jacó, citado também em Hebreus 11, pode ser incluído nisto... só precisa um
pouco de fé, para se compreender isto.
Outro argumento que os “anti-dízimos” usam é
como alguns ministros enriquecem com os dízimos que arrecadam. É bem verdade
que há alguns ministros que ostentam. Mas o pecado de uns não justifica outro.
Quem argumenta isto não sabe nada de ministério... não tem história e nunca
acompanhou ministros de verdade. Então vou lhe contar um fato estarrecedor.
Mais de 90% de ministros do evangelho, pelo Brasil afora passam sérias
necessidades e tudo porque lhes falta sustento. Estou falando de Brasil. Sem
falar dos que fazem missões na Ásia, África e Américas. Eu mesmo já passei
sérias necessidades no passado e, por causa disto, aprendi a administrar meus
poucos recursos. A maior parte dos ministros são homens e mulheres que
administram poucos recursos e seguem a obra, a despeito de gente que não sabe o
que faz um ministro. No ministério, um pastor não visita só os dizimistas.

Aliás, a maioria dos verdadeiros ministros visitam mais os não dizimistas.
Alguns dizimistas é que reclamam que o pastor dá mais atenção aos “infiéis”,
enquanto esses, por despeito, argumentam que o pastor dá mais atenção aos
dizimistas. Fazer o quê? Não se vai agradar todos, impossível!
Estou no ministério há mais de 30 anos. Sou do
tempo que a gente era idealista. Deixava-se o emprego secular para se dedicar
integralmente ao ministério. Alguns, como eu, poderiam estar bem empregados,
mas abriram mão disto, em favor do ministério. Ganham bem menos do que se
estivessem na obra secular. Os “anti-dízimos” não sabem disto, porque,
simplesmente não amam o ministério, eles pensam que os pastores estão ricos por
causa dos dízimos. Talvez tenham alguns que realmente estejam, Deus vai tratar
com eles. Mas o fiel, sabe disto, mas segue fiel!
Os pastores de verdade, esses que os
dizimistas conhecem e respeitam, mas os anti-dízimos não respeitam, trabalham
24 horas por dia, por isto é tempo integral. Eles acordam cedo pra orar e
buscar a Deus (os anti-dízimos não têm tempo pra isto), gastam horas estudando
a Palavra. Em suas orações, têm uma relação interminável de pedidos, que a
maioria dos membros nem imagina o que tem ali. A grande maioria de ministros
vai dormir preocupado com a igreja, a obra, os membros, os não dizimistas e,
por fim, depois, com sua família. Um bom pastor deve ler, no mínimo, 3 livros
por mês. Ah! Os dizimistas sustentam esse ministro pra: levar outros irmãos ao
hospital aqui e acolá (mesmo que eles nem saibam disto). Os não dizimistas
podem até dizer que fazem isto, mas não com a frequência de seu pastor.
Ah! Os levitas eram sustentados, mesmo que
alguns não fizessem nada no templo, pois eram sustentados só porque eram
levitas. Isso alguns não sabiam!!! Claro que não sabiam, nunca tiveram tempo
pra estudar sobre isto. Aliás, argumentam que os dízimos
eram de tudo que o povo antigo plantava ou cuidava. Quanta falta de
conhecimento!!! Será que eles sabem que no interior do Brasil e de muitos
países, pessoas dizimam de seus gados e de suas colheitas, porque não têm
dinheiro pra levar a casa do Senhor? Também não leram nas Escrituras que quando
aqueles israelitas, que iam a Casa de Deus levar seus dízimos, podiam
transformar em dinheiro. Claro, não leram Deuteronômio 14: 24-26!
Tem muito pastor preguiçoso e presunçoso, mas
a esmagadora maioria está acordando de madrugada pra orar, jejuar, estudar.
Estão visitando pessoas, que a maioria não imagina. Estão entrando em lugares
pra orar e pregar que os não-dizimistas sequer imaginam, porque não teriam
estomago pra fazer. Só sabem falar de uns poucos ministros enriquecidos, mas
não conhecem nem um pouco da realidade da maioria esmagadora dos ministros.
Alguns ministros de verdade estão bem hoje, porque aprenderam a valorizar sua
família e administrar seus parcos recursos.
Eles não ficaram agarrados a essa
argumentação furada, mesquinha e doentia dos anti-dízimos. Por causa dessa
gente mesquinha, hoje muito pastor está caindo fora do ministério. Alguns caem
foram porque não têm chamado mesmo, mas alguns estão em crise, porque o povo
que ele ama e por qual chora na presença do Senhor, não está nem aí pra esse
homem ou mulher de Deus!
2. GRAÇA ANTES E DEPOIS DA LEI
Quando Abrão (recebeu o nome Abraão depois) foi dizimista, o fez por fé. Bom, não sou eu quem argumento, é a própria Escritura. Ele o fez pela fé nas promessas, mesmo sem
conhecer o passado de Melquisedeque. Assim encontramos em Hebreus 7. Além
disto, o apóstolo Paulo argumenta, na carta Aos Gálatas sobre a graça. Gl 3: 15
e adiante nos fala sobre um fato importante. A Lei que veio 430 anos depois,
não invalida o testamento anterior. Que testamento? Sempre soubemos de dois
apenas, o Velho e o Novo. Paulo está argumentando de algo que foi antes da
Torah, a Lei do VT. A graça que veio com Jesus, já estava fluindo no tempo de
Abrão, porque ele não estava debaixo de lei. Abrão, Isaque e Jacó, foram homens
de fé. Abrão é considerado o Pai da Fé, sem nunca ter feito um milagre sequer,
por que? Porque soube esperar e obedecer a Deus. Quando agiu assim, segundo
Hebreus 11, ele entrou para o grupo seleto dos “Heróis da Fé”. Abrão entregou
dízimos pela fé, não pela Lei.

Alguns anos depois
temos Jacó. Um moço que herdou as promessas e, ainda jovem, fez um voto com
Deus. Ele não viu ninguém em carne e osso. Apenas teve um sonho e, pela fé,
constatou que o lugar onde estava era a casa de Deus – Betel (Gn 28: 10-22).
Ali mesmo, conforme os versículos 20 a 22 fez um voto a Deus: dar o dízimo.
Pergunto, isto é da Lei? Não! É um ato de fé! Por isto Jacó também está no
grupo de Heróis da Fé de Hebreus 11. Veja bem, a Lei, a Torah, ainda não havia
sido escrita, mas a fé estava no coração de Jacó. Por isto, leia a história
dele, foi extremamente abençoado. O dízimo não é um ato de obediência, antes de
tudo é uma questão de fé. As pessoas dizimistas têm como base a fé de que Deus
é fiel, por isto Abrão, lá em Gn 14 e Jacó, aqui em Gn 28 estão cumprindo a
“Lei da Fé”. Você consegue compreender isto?
Tudo que ocorreu antes
de vir a Lei, faz parte do “testamento” da fé, que é o caminho da graça. Quando
Sete se tornou um exemplo de genealogia, quando Enos edificou um altar, quando
Enoque andou com Deus, quando Noé foi homem reto diante de Deus (sem falar
outros) fizeram tudo antes da Lei. Eles o fizeram pela fé, que por analogia é o
modelo da graça. A graça é manifesta aos homens pela fé, porque sem fé é
impossível agradar a Deus... “porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e
isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2:8).
No Novo Testamento a
graça não anula a Lei. Veja, disse Jesus: “Não penseis que vim destruir a lei
ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir” e leia Mt 5: 19. Porém, muitos
pensam que a graça é mais leve e que por isto ser dizimista é algo que é da
Lei. Porém, você já leu os textos de Atos 4: 34-37? Uma das coisas
interessantes da igreja primitiva é que “ninguém dizia que coisa alguma das que
possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns”. Nunca vi um
anti-dízimo disposto a cumprir isto! Simplesmente porque eles são avarentos,
mesmo não tendo dinheiro algum. Por que não falam sobre essa graça? Que tal
compartilharem tudo com o Reino? Os anti-dizimistas não compartilham 10%, como
vão aceitar que tudo que têm pertence a Deus? Ah! Eles, com certeza são
daqueles que vão jogar sua oferta pro alto e esperar que Deus agarre com suas próprias
mãos!
Para tal, na graça,
precisa ser entendido que dízimo é apenas o mínimo que um crente pode fazer.
Paulo nunca tratou do assunto dízimo, com especificidade, porque para ele, isto
era uma coisa natural, fazia parte de sua cultura de Reino. Então, ele trata da
oferta, porque essa sim, requer uma dose de explicação e desafio. Por isto ele
escreve o que escreveu em 2 Coríntios 9: 6-10. Porém, como sustentar a obra do
Senhor, se Paulo e Jesus dizem que digno é o obreiro do seu salario?

Agora, vejamos 1
Coríntios 9. Veja a argumentação do Apóstolo Paulo. Apesar de viver na graça,
ele ainda trata do assunto do sustento ministerial baseado nos princípios da
Palavra do Velho Testamento. Veja o que Paulo diz nos versos 8 a 14. Ele faz a
mesma argumentação que fiz acima. Será que Paulo era um ministro preguiçoso só
porque queria deixar o trabalho secular para se dedicar ao evangelho? Ele
pergunta, no versículo 6 se só ele e Barnabé não podiam deixar de trabalhar? –
Certamente os anti-dízimos deveriam ler esta argumentação de Paulo, pois tal
qual o crentes de Corinto eles agem, são mesquinhos com a obra do Senhor.
Agora, veja que a graça não anula o direito dos ministros do evangelho, ao
contrário, estabelece. Paulo argumenta dizendo aquilo que falou Jesus... “assim ordenou também o Senhor aos que
anunciam o evangelho, que vivam do evangelho”. Finalmente, neste capítulo,
depois de defender o direito de ser sustentado no ministério, Paulo informa que
não vai usar desse “direito” porque não quer ser pesado aos crentes de Corinto,
simplesmente porque os crentes de Corinto não o reconheciam. Para tal, como
iniciei o parágrafo, leia todo o capítulo 9.
Entretanto, a outros crentes, de outras
cidades, Paulo agradece o cuidado, especialmente os de Tessalônica, pela
maneira como se portam com ele, enviando recursos para apoiá-lo.
3. JESUS E OS DÍZIMOS
É importante acompanhar
as palavras de Jesus sobre esse assunto. Para tal é preciso ler Mateus 23:
20-23. No verso 23 Jesus diz: “Ai de vós,
escribas e fariseus, hipócritas! Porque dais
o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes omitido o que há de mais
importante na lei, a saber, a justiça, a misericórdia e a fé; estas coisas,
porém, devíeis fazer, sem omitir aquelas”. Jesus chama os escribas e
fariseus de hipócritas, por que? O que Jesus quer ensinar?
1) Jesus não diz que eles exigem que se dê. Ele está dizendo que eles
dão! Era habitual dos escribas darem o dízimo das menores coisas, mas não
observavam o mais importante. Quando Jesus fala do endro, cominho e hortelã
está falando de que eles dizimavam das menores coisas;
2) Jesus diz algo importante. Ele argumenta que embora os escribas
sejam dizimistas do mínimo, omitem o mais importante da LEI... da LEI. O que
eles omitem da Lei? Está escrito ali: a justiça, a misericórdia e a fé;
3) A justiça, a misericórdia e a fé fazem parte da Lei? Elas não fazem
parte da graça? – Claro que fazem parte da graça, porque Jesus não veio acabar
com a Lei, veio cumpri-la. Honrar pai e mãe está na Lei, mas também na graça.
Não ter outro Deus está na Lei e também na graça. Não cobiçar, não furtar, não
dizer falso testemunho, etc, está na lei, mas também na graça;
4) Não é porque veio a graça e que porque a justiça, a misericórdia e a
fé estão na Lei que não tenho de cumprir. A graça estabelece que estas coisas
não DEVO cumprir porque é lei, mas devo cumprir DE CORAÇÃO, pela fé. Paulo conclama
de modo geral a “servir não somente a
vista, como para agradar aos homens, mas como servos de Cristo, fazendo de
coração a vontade de Deus”.
5) Jesus claramente diz aos escribas que deviam fazer estas coisas
(exercer justiça, misericórdia e fé), sem omitir aquelas (dízimos). Isto é um
ensinamento de Jesus! Ele está dizendo para continuar entregando os dízimos,
mesmo que seja das menores coisas também e, além disto, exercer justiça,
misericórdia e fé. Não adianta entregar dízimo sem fé, sem justiça e sem
misericórdia. Para ser dizimista de verdade, é preciso ter fé.
6) De novo voltamos ao assunto fé. A fé está na graça e na Lei. O
dízimo está na graça e na Lei. Mas a lei não criou o dízimo, ela o
regulamentou. Deus orientou seu povo, tanto no VT, como Jesus no NT, como
exercer a fidelidade dos dízimos. Quando Abrão e Jacó resolveram ser
dizimistas, o fizeram pela fé. É disto que a Palavra do Senhor nos está
mostrando!
Ser dizimista não é
algo da Lei quando é feito por amor, pela fé. É disto que fala o profeta
Malaquias. Você precisa entender que a Lei é Lei, mas a palavra do profeta é
princípio, é ensino e envolve benção. A lei estabelece a regra e regulamenta o
princípio. O dízimo é um princípio, que a Lei veio regulamentar, mas a graça o
estabelece, porque a graça exige fé e amor. É por amor que somos abençoados.
Observe a argumentação
de Paulo sobre seu dever de pregar o evangelho, no texto de 1 Coríntios 9:
16-17. Ele quer pregar o evangelho de coração para ser abençoado e resolveu
pregar aos coríntios grátis, sem exigir recurso financeiro. Para os coríntios
ele diz isto, porque eles eram mesquinhos. Mas ele argumenta que se fizer
a pregação de vontade própria terá recompensa. Assim é o princípio do dízimo! É
preciso fazer de vontade própria! Malaquias coloca que ao sermos fiéis, devemos
fazer prova (Ele lembra: diz o Senhor!) do Senhor. Não fui eu quem disse para
provar e ver que o Senhor é bom. Não fui eu quem disse “fazei prova de mim”. Na
Lei não está escrito nenhum princípio da relação entre entregar o dízimo e
“fazer prova de mim”. Isto está na palavra profética. Não é lei, é profecia,
mas os anti-dízimos não sabem diferenciar uma coisa da outra, porque pra eles,
o que está no VT, tudo é Lei. Para os anti-dizimistas temos de rasgar o VT. Porém
ao fazer isto, temos de rasgar o NT, porque este só tem valor com aquele.
Dízimo não é lei é
Graça! Só é lei para aquele que quer que seja! Mas para os que fazem com amor e
fé, é pela graça. Então, envolve benção, se assim for cumprido.
CONCLUSÃO
O melhor modo de
concluir este assunto é com as palavras de Jesus e Paulo. "Dai e ser-vos-á dado,
boa medida, recalcada e sacudida vos deitarão no vosso regaço". "Cada um
contribua, segundo propôs no seu coração, não com tristeza ou por necessidade
porque DEUS AMA AO QUE DÁ COM ALEGRIA... O que semeia pouco, pouco também
ceifará, mas o que semeia em abundância, em abundância também ceifará".
Você decide se quer ser fiel, amado
ou se, simplesmente, vai seguir com mesquinharia!